sexta-feira, 11 de março de 2016

Escravidão e concurso público

Um dos problemas econômicos principais da escravidão é seu alto risco: os escravos eram muito caros, e por causa disso apenas forneciam um retorno em longo prazo. Isto é, o lucro do trabalho escravo vinha muito depois de se ter pago quantias elevadas por aquele ser humano.
O risco vem de, afora exigir um capital inicial muito alto para gastar nos escravos, a produtividade poderia não compensar, o "trabalhador" poderia morrer cedo, fugir, ser um rebelde, etc.

Neste sentido, a mão de obra assalariada é muito mais eficiente e contributiva para o desenvolvimento econômico--exige menos investimento inicial, fornecendo lucro de forma mais rápida, e é possível demitir funcionários quando seus custos não estão compensando o retorno adquirido.

O concursado não se encaixa nessa apreensão: ao recrutar funcionários dessa forma, o governo está se comprometendo por décadas a pagar uma quantidade x àquele indivíduo. Pela vigente Constituição, não é possível passar a pagar menos ou demitir os improdutivos. É um custo obrigatório. "Haja o que hajar", os soldos devem ser pagos e até mesmo reajustados conforme inflação.

Escravidão e concurso público têm isso em comum: antes de garantir um retorno, é necessário firmar um compromisso enorme, que pode implicar em sérios prejuízos. Perversamente, as duas práticas vitimizam a parcela mais sofrida da sociedade: outrora escravos, submetidos a uma desumanização inconteste; hoje os mais pobres (em sua maioria negros), que são quem mais sente o peso de impostos, muito usados para sustentar ricos burocratas.

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