sexta-feira, 1 de março de 2013

Problema endêmico no Itamaraty: entre o erudito e o gestor


Se há um problema administrativo que o caso do “assédio moral” no Consulado em Sydney traz à tona, é o da competência dos diplomatas quanto à gestão humana. Não podemos deixar de lado o fato de o Ministério ser uma organização, com todos os problemas acarretados pela convivência “forçada” de indivíduos: dissensos ocorrem com freqüência, e viver respeitando a diversidade de personalidades é uma tarefa complexa.
Tendo isso em mente, é sensato pensar que os administradores deveriam ter um treinamento na área de gestão e recursos humanos, nem que seja do mais raso, para conseguir abarcar problemas organizacionais referentes ao capital humano. E quem são os administradores no Itamaraty? Diplomatas. E podemos ver nos editais para o concurso que não há uma exigência sequer de conhecimento na área de gestão organizacional. O sujeito pode narrar sobre a conjuntura política do Segundo Império, e estar inapto para resolver problemas reais do seu mundo de trabalho.
A falta de tato da administração superior para essa carência (preferem deixá-los “independentes”) faz surgir bizarrices como o caso do Consulado em Sydney: em que organização sensata, estaria uma pessoa como o Sr. Fontenelle “liderando” uma equipe? Claro que não é um problema só do Itamaraty, mas ele está lá de forma marcante: estamos contratando eruditos, que mais satisfazem o perfil de “solitários de escritório”, quando muitas vezes, na competência de administradores, são chamados a resolver conflitos reais intrínsecos ao mundo do trabalho para os quais não estão preparados.

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